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Falamos com Pablo Micheli, secretário-geral da CTA Autônoma, sobre o movimento sindical argentino

Falamos com Pablo Micheli, secretário-geral da CTA Autônoma, sobre o movimento sindical argentino
Imagem: Comunicação da Intersindical
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Greve Geral na Argentina

Na véspera do Dia Internacional dos Trabalhadores, o sindicalismo argentino deu mais uma demonstração de força contra o governo de Mauricio Macri, que afunda o país em desemprego e pobreza. As centrais e movimentos mais combativos convocaram uma paralisação nacional de 24 horas, que parou o país e levou milhares às ruas. A Intersindical Central da Classe Trabalhadora conversou com o secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA – Autónoma) Pablo Micheli, que falou da conjuntura da paralisação e da conjuntura local. Veja abaixo:

Intersindical: Como você avalia a paralisação nacional do último dia 30?

Pablo Micheli: A greve do dia 30 foi uma greve com adesão superior a 80% dos trabalhadores e trabalhadoras. As mobilizações que se realizaram em Buenos Aires e no resto do país foram multitudinárias, superaram mais de 1 milhão de pessoas em toda Argentina. Foi uma demonstração clara contra a política econômica do governo Macri e do FMI na Argentina.

Os setores mais mobilizados foram os trabalhadores organizados nas duas CTA, na Corrente Federal de Trabalhadores e no Frente Sindical para o Modelo Nacional (FSMN), que é conduzido pelo setor dos caminhoneiros argentinos.

I: Que papel cumprem as CTA com relação à CGT, que é a maior central?

PM: O papel das duas CTA é chave, pois somos as organizações que empurramos as demais e, muitas vezes, obrigamos a CGT a tomar decisões a favor dos trabalhadores. Há dirigentes da CGT que representam sindicatos importantes, mas que estão burocratizados e são oficialistas de todos os governos. Não estão dispostos a fazer paralisações, greves gerais e mobilizações. Mas a posição firme e convencida das duas CTA, indo à luta contra o ajuste, obriga muitas vezes esses setores da CGT a participarem.

Provavelmente a CGT vai se somar na próxima ação, pois não vai sobrar outra opção. Depois dessa de 24 horas, vamos chamar uma paralisação de 36 horas, com mobilização em todo o país novamente.

I: Qual a estratégia do governo Macri para responder às mobilizações do movimento sindical?

PM: O governo Macri tem uma estratégia de repressão e perseguição às organizações sindicais, além de cooptação de alguns dirigentes. Essa estratégia não vai mal, mas não é suficiente para frear a luta que levamos adiante. Até o momento vamos ganhando a queda de braço. As paralisações e as mobilizações estão se concretizando.

I: No geral, como o povo argentino tem sido impactado pela política econômica do governo?

PM: O povo trabalhador foi impactado de maneira terrível pela política neoliberal, em especial com perda de poder aquisitivo frente à escalada do dólar das taxas de juros, com a especulação financeira. A Argentina vive um processo de acumulação de capital financeiro acima da produção e isto quem paga somos os trabalhadores, os aposentados. Pagamos com precarização do trabalho, mais pobreza e a maioria da população em uma situação cada vez mais crítica.

I: Como o movimento sindical vê as próximas eleições na Argentina?

PM: O papel do movimento sindical nas próximas eleições não pode ser outro a não ser ajudar a conduzir uma grande frente nacional que una todos os setores combativos do campo popular com o movimento operário, com os movimentos sociais e com os setores mais dinâmicos que têm enfrentado as políticas neoliberais. Acho que esse é o papel mais importante, sem abandonar as ruas na luta contra o ajuste.

I: Por último, há um impacto do governo Bolsonaro na política argentina?

PM: O “efeito Bolsonaro” está representado pela ministra de Segurança, que é Bolsonaro de saias, e se chama Patricia Bullrich. Tem as mãos cheias de sangue, porque sempre usa da repressão para tentar calar os protestos dos trabalhadores. É claro que há uma diferença. Macri não tem a força que tem Bolsonaro no Brasil, porque está em seu último período de governo e não pode aplicar a mesma política repressiva. Ainda que sempre use a política dos cassetetes, balas de borracha e gás de pimenta, não é o mesmo nível.  O que temos visto do governo Bolsonaro é um corte totalmente fascista.

Entrevista: Matheus Lobo


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