Lupenfinancismo à testa do BNDES já provoca fissuras sérias

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Imagem: Comunicação da Intersindical
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Os desembolsos do BNDES para financiamento de projetos no setor elétrico foram de R$ 28 bi em 2013, 25 bi em 2014 e 26 bi em 2015. Conforme o país afundou na depressão provocada pelo austericídio, a demanda por energia refluiu e o banco só alocou 11 bi em 2016, 15 bi em 2017 e 16 bi em 2018.

De 2003 a 2018, o BNDES deu suporte financeiro a 635 projetos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e de eficiência energética, com aporte de R$ 215 bilhões.

Esse é o porte da demanda por crédito de longo prazo para o setor, sem considerar expansões mais expressivas da produção e consumo de bens e serviços no Brasil.

E é essa demanda que corre sério risco de desatendimento caso o lumpenfinancista G. Montezano, presidente bolsonariano da instituição, leve a cabo seu plano de “enlamear para desmanchar”.

Como reporta o Valor:

“Representantes do setor de energia elétrica estão preocupados com relação às diretrizes da nova gestão do BNDES, comandado agora por Gustavo Montezano. Especialistas e executivos da indústria ouvidos pelo Valor temem que medidas como ‘abrir a caixa-preta’ do banco, em referência à investigação de supostas irregularidades na concessão de financiamentos em gestões anteriores, tirem o foco de um dos papéis históricos da instituição de fomentar a expansão da oferta de energia.
(..)
Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, o mercado de capitais hoje ainda é pouco desenvolvido para financiar projetos de longo prazo. As debêntures de infraestrutura, explicou, são um mecanismo interessante, porém atendem no máximo a 10% do valor do investimento do projeto. Além disso, em geral, esses papéis têm prazo de até dez anos, quando os empreendimentos do setor demandam pelo menos 15 anos de financiamento.

‘É preciso primeiro ter um mercado de capitais desenvolvido, para depois reduzir a participação do BNDES [no setor]’, disse Elbia, defendendo uma transição gradual do apoio do banco estatal para as instituições privadas.”

Até a czarina das privatarias tucanas se mostra incomodada:

“Diretora da área de desestatização do BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso, Elena Landau concorda que o setor de infraestrutura ainda precisa de apoio de um agente como o banco de fomento, porque o mercado de capitais ainda não é completamente desenvolvido.”

O quadro de futuro, que decorrerá da predação rentista que encarregaram Montezano de executar, é projetado na reportagem:

“Para o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da UFRJ, professor Nivalde de Castro, a recessão enfrentada pelo país em 2015 e 2016 reduziu o número de novos projetos de infraestrutura de energia e, consequentemente, diminuiu o volume de desembolsos do BNDES. Esse fator gerou uma falsa impressão de que o banco teria reduzido sua relevância no setor.

‘Com a demanda baixa [de projetos] por causa da crise, não se percebe a importância do banco’, afirmou. ‘O papel do BNDES não é pontual. É estratégico. Basta ver o que já foi feito de 2000 para cá. Sem ele, o setor elétrico não teria condições de atender a demanda por energia do país’.”

Pouco a pouco, setor a setor, os brasileiros vão se apercebendo da hecatombe em curso e das urgentes necessidades de impedir que prossiga e de reverter os mal feitos já praticados, sob pena de inviabilização do país como nação com potencial de desenvolvimento soberano e includente.

Fontes: Artur Araújo via Valor Econômico

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