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Carta de repúdio de Rosalina Santa Cruz às honras feitas ao falecimento e ex-Chefe do DOI-CODI

Imagem: Comunicação da Intersindical
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Carta de repúdio de Rosalina Santa Cruz, militante presa e torturada pela ditadura civil-militar, que teve seu irmão, Fernando Santa Cruz, também preso e desaparecido sob ordens do então chefe do DOI-CODI, Leônidas Pires Gonçalves, falecido no último dia 4 de junho.

“Nós, familiares de Fernando Santa Cruz, preso em Fevereiro de 1974 e desaparecido até hoje estamos mais uma vez chocados e revoltados ao ver mais um militar diretamente ligado ao assassinato e a ocultação, não só do cadáver de meu irmão, como das circunstâncias da sua covarde morte, sendo enterrado com honras militares quando devia estar na cadeia, denunciado como assassino e torturador que era.

Pois afinal quem comanda e permite o terrorismo de Estado e adota a tortura como uma pratica corriqueira em seus quartéis é tão responsável ou até mais que aqueles que a executam.

Uma, das primeiras noticias que tivemos sobre o desaparecimento de Fernando, foi dada pelo sargento Marivaldo Chaves que declarou que Fernando e Eduardo Collier (preso na mesma ocasião com Fernando – os dois são desaparecidos até hoje) haviam sido esquartejados na Casa da Morte de Petrópolis no Rio, onde haviam sido presos e onde o Sr. Leonidas poucos dias depois era nomeado Comandante.

Uma nova noticia nesta mesma direção vem pelo delegado Claudio Guerra que afirma que Fernando e Eduardo foram levados por ele da Casa de Petrópolis para serem cremados na Usina de Campos.

A Comissão Nacional da Verdade em seu relatório final, também não deixa claro onde e em que circunstancia tanto Fernando quanto Eduardo foram assassinados e como desapareceram com seus restos mortais.

A Comissão Nacional da Verdade conclui que pode ter sido no DOI-Codi de São Paulo ou na Casa da Morte de Petrópolis. Mais uma vez estamos no mesmo lugar com as mesmas informações que nós mesmos enviamos para a CNV, aliás muito mais reduzidas, incompletas e com erros foram colocadas naquele relatório.

Até onde veremos militares assassinos e torturadores com seus nomes sendo homenageados em praças, ruas, avenidas, viadutos etc ou enterrados como heróis como estamos vendo agora, enquanto que nossos heróis continuam insepultos?

Justiça e apuração… É o que reivindicamos ao governo brasileiro.”

Rosalina Santa cruz

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