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Primeiro ato de 2017 contra aumento da passagem termina com repressão da BM e ao menos 2 detidos

Primeiro ato de 2017 contra aumento da passagem termina com repressão da BM e ao menos 2 detidos
Imagem: Comunicação da Intersindical
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Contra aumento da passagem

Como já vem ocorrendo tradicionalmente em Porto Alegre em todo o mês de fevereiro nos últimos anos, a discussão sobre o aumento da tarifa de ônibus levou centenas de pessoas às ruas do Centro da Capital em protesto convocado pelo Bloco de Luta pelo Transporte Público. Apesar de a tarifa ainda estar em discussão, uma vez que rodoviários e empresas de ônibus ainda não entraram em acordo sobre o dissídio da categoria – o que geralmente tem o maior impacto sobre o cálculo do reajuste -, os manifestantes realizaram o ato para marcar posição. Oficialmente, o Bloco defende aumento zero, mas a maioria das placas e faixas respondia ao valor de R$ 4,30, sugerido em estudo da ATP divulgado recentemente. Com o avanço da Brigada Militar para dispersar participantes que depredaram vidraças, o ato foi encerrado após muita correria e sequer teve uma hora de duração.

A concentração para ato começou por volta das 17h30, na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre. Aos poucos, dezenas de pessoas, em sua maioria jovens estudantes secundaristas e universitários, começaram a se reunir com bandeiras e faixas entorno de um grupo que tocava músicas no local. Pouco antes das 19h, os manifestantes entoaram palavras de ordem contra o aumento da passagem e começaram a caminhada pela Av. Borges de Medeiros em direção à Av. Salgado Filho.

Apesar do trajeto, como de costume, ser inesperado e, na maior parte das vezes, decidido à medida que a caminhada avançava, agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) iam à frente do ato bloqueando o trânsito e policiais militares, atrás, acompanhavam a uma certa distância. Com passo apertado, os manifestantes prosseguiam em tranquilidade, entregando panfletos para as pessoas que esperavam ônibus nas paradas e cantando palavras de ordem tais como: “Aumenta a luz e o ônibus de novo, só não aumenta o salário do povo”, “Vem, vem pra rua vem, é contra o aumento”, entre outras.

Após a Salgado, a caminhada passou pela Rua Dr. Flores, contornou o terminal de ônibus Rui Barbosa, pegou a Rua Pinto Bandeira, Av. Alberto Bins, Av. Otávio Rocha e se dirigiu, pelo Largo Glênio Peres, em direção ao Paço Municipal, onde um efetivo maior da tropa de choque da Brigada Militar se reunia. Apesar do grande contingente de policiais que aguardava no local, com escudos e armas com balas de borracha em punhos,  diante da Prefeitura os manifestantes continuaram o ato pacificamente, parando apenas para cantar “Ô Marchezan pode esperar, a tua hora vai chegar”.

Porém, quando o ato retornou para a Borges de Medeiros, cerca de quarenta minutos depois de iniciar, um pequeno grupo de pessoas, munidas de martelos, atacou, primeiro a vidraça da rede de lanchonetes McDonald’s, depois uma agência do banco Itaú. A ação prontamente foi respondida com o avanço da Brigada Militar, que disparou diversas bombas de gás lacrimogêneo no meio da multidão.

Seguiu-se então uma correria. Manifestantes saíram para todos os lados para fugir dos estilhaços, da fumaça e dos efeitos das bombas. A maioria rumou em direção a Borges e a Salgado Filho, com os policiais atrás, já reforçados da cavalaria, continuando a atirar bombas. Pelo menos um jovem foi preso nesse momento. Uma mulher foi atingida por estilhaços e exibia marca de ferimentos na perna.

Com a ação da Brigada, a caminhada foi encerrada. Mas passados os efeitos das primeiras bombas, um grupo de manifestantes voltou se reunir na esquina da Borges com a Salgado, ainda bloqueando o trânsito. Apesar de estarem praticamente parados e não mais protestando, os policiais voltaram a atirar bombas e avançar sobre o grupo para dispersar o que sobrava do ato. Os manifestantes então voltaram a correr para a Esquina Democrática, onde, minutos mais tarde, voltou a ocorrer uma ação com uso de bombas para dispersar o que restava do protesto.

O momento de maior violência gratuita da Brigada, porém, viria mais tarde, quando apenas um pequeno grupo de pessoas – não somavam 20 -, voltou a se reunir na Esquina Democrática. Ali, em meio a uma troca de xingamentos, com os manifestantes que restavam denunciando a violência e repressão da polícia, novamente os brigadianos partiram para cima, dessa vez com cassetetes em punho e atirando spray de pimenta. Um rapaz que carregava uma placa com os dizeres “Feridos pela PM, atendimento aqui” foi perseguido e atacado por policiais com cassetetes. Ele foi detido.

De acordo com assessoria do Comando de Policiamento da Capital (CPC), um adolescente foi apreendido, encaminhado ao DECA, e dois maiores de idade foram detidos e levados para uma delegacia. Eles devem responder por dano ao patrimônio público. De acordo com um grupo de advogados que faz a defesa de movimentos sociais, apenas o adolescente foi apreendido e um maior foi detido. O maior seria o jovem que levava a placa de identificação de “enfermeiro do ato”. A terceira prisão não seria ligada ao ato, segundo os advogados.

Fonte: Sul 21 / Luís Eduardo Gomes


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