Julio Lancelotti: “bancada da bala quer lucrar com menores na cadeia”

Imagem: Comunicação da Intersindical
Compartilhe:

INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora

Entenda as reais intenções do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para aprovar à força a redução da maioridade penal

“As propostas de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos estão passando por adaptações e acordos políticos atenuantes no sentido de conseguir novos votos e atender a interesses inconfessáveis e eleitoreiros de grupos que querem a privatização dos presídios”, denuncia o padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral de Rua.

Em entrevista exclusiva ao site da Intersindical, Lancelotti denuncia os interesses espúrios que estão por trás da articulação parlamentar para reduzir a maioridade penal no País e a cortina de fumaça que a mídia vem fazendo sob o pretexto de que a solução para conter a criminalidade no País seria a punição de menores com 16 e 17 anos.

“A clientela nos presídios vai aumentar”, afirma Lancelotti.

E é verdade. Nesta semana o Ministério da Justiça anunciou que mais de 40 mil jovens ingressarão nas prisões brasileiras se for aprovada a PEC que reduz a maioridade penal.

“Vimos hoje de madrugada (2/07) uma clara manobra, manipulação e pressão bastante acentuada de grupos conservadores de perfil cruel e da bancada da bala na votação de uma emenda à PEC 171/93 para contemplar o lobby da privatização dos presídios horas depois da questão ter sido rejeitada pela maioria na Câmara”, observa.

Grupos enriquecendo com pobres e jovens lotando as cadeias

O coordenador da Pastoral de Rua lembra que “os mais pobres serão, como sempre, mais penalizados”. E ainda trarão mais lucros à indústria da privatização carcerária no Brasil.

“A esperança agora é que a mudança constitucional seja barrada na votação de hoje ou no Senado Federal. Ou mesmo que a sessão seja anulada pela justiça. Haverá muita luta e movimentação nesse sentido”, afirma.

Para Lancelotti, há uma “cortina de fumaça” sobre a opinião pública e sobre os próprios parlamentares. Muitos desconhecem a privação de liberdade e as medidas socioeducativas já previstas para menores infratores no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“Todos querem a redução da violência e da impunidade”, diz. Mas a redução da maioridade penal não é a solução para a insegurança nacional, como vem sendo defendida pela mídia. “É a incapacidade de sermos mais humanos e de lidarmos com situações complexas diante da complexidade que elas merecem”, define.

O coordenador da Pastoral de Rua pede que os parlamentares brasileiros tenham lucidez. “Uma lei não tem efeito retroativo e também não é um instrumento de vingança”, alerta. “Nossa geração passará para a história como a geração que não soube lidar com a violência a não ser sendo mais violenta ainda”.

Leia também:
Redução da maioridade: Eduardo Cunha tratora o regimento interno da Câmara
Eduardo Cunha manobra para aprovar a maioridade penal
Cai a maioridade penal defendida por Eduardo Cunha, mas a resistência continua!
Estudo do Ipea discute redução da maioridade penal e o mito da impunidade
Carta da Frente Contra a Redução da Maioridade Penal sobre a PEC 171

Acha esse conteúdo importante? Entre em nosso grupo de WhatsApp ou inscreva-se para receber nossa Newsletter

Comente esta publicação

Acompanhar a discussão
Notificar de
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
INTERSINDICAL Central da Classe Trabalhadora | 2024 Sede Nacional: Rua Riachuelo, 122 - CEP: 01007-000 | Praça da Sé - São Paulo - SP | Fone: +55 11 3105-5510 | E-mail: [email protected] Sindicatos e movimentos sociais. Permitida a reprodução dos conteúdos do site, desde que citada a fonte. Esse site é protegido por reCAPTCHA. Políticas de Privacidade e Termos de Serviço se aplicam
Pular para o conteúdo