As vítimas de LER/DORT vão aumentar com o enfraquecimento da representação sindical, afirma Sergio Augusto Sobrinho

Vítimas de LER/DORT vão aumentar com o enfraquecimento da representação sindical
Imagem: Comunicação da Intersindical
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LER/DORT

Neste Dia Mundial de Combate à LER/DORT, a Intersindical entrevistou Sergio Augusto Sobrinho, do Sindicato dos Bancários de São Paulo e conselheiro eleito no CRST-FO Zona Norte.

Confira abaixo a entrevista.

O que são as LER/Dort? Qual a importância do Dia Mundial de Combate à doença? 

Sergio Augusto Sobrinho – Desde 2000, no ultimo dia de fevereiro é referendado pela OIT, como Dia Mundial de Combate à LER/DORT (lesão por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares  relacionados ao trabalho).

É uma questão de saúde pública mundial, uma síndrome que afeta , músculos, nervos e tendões dos membros superiores e inferiores, as tendinites e tenossinovites, são mais conhecidas. Muitas vezes, pessoas jovens, com 18 anos ou mais de idade estimadas na PNS/IBGE (PESQUISA NACIONAL DE DOENÇAS) que referiram ter sofrido acidente de trabalho nos últimos 12 meses e número de acidentes de trabalho registrados na Previdência Social, segundo faixa etária, em 2013. São mais de 700 mil pessoas notificados. Milhões deixam de notificar o adoecimento.

Qual o papel do Estado diante dessa realidade? Existem políticas públicas suficiente para enfrentar o problema?

Sergio Augusto Sobrinho – O Estado vem sendo desmontado e não é diferente na questão das políticas para a saúde do trabalhador. No âmbito estadual e municipal os Centros de Referência de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora,(CRST) são 06 na cidade de São Paulo, e na maioria das cidades do estado de SP. Tem uma estrutura para o atendimento com médicos, fisioterapeutas, equipamentos, porém estão sofrendo um desmonte eliminando equipamentos, falta de manutenção e não reposição de funcionários, o INSS possui um setor de readaptação, porém com a subnotificação, ou seja o não reconhecimento como doença do trabalho, poucos são encaminhados e os que conseguem mesmo com a readaptação e limitação orientadas pelo INSS, quase sempre voltam para o mesmo posto.

O que o movimento sindical pode fazer para enfrentar esse quadro?

Sergio Augusto Sobrinho – Além da luta direta e cotidiana por mudanças na organização do trabalho, no combate à exploração, o movimento sindical deve fortalecer a organização popular em defesa das políticas públicas. Nos CRST, os sindicatos possuem conselheiros eleitos em todos os da cidade de São Paulo, e na maioria das cidades do estado, participando das politicas de atendimento, lutando pela manutenção dos centros, contratação de pessoal e todo acompanhamento aos trabalhadores. Fora isso, vários sindicatos adotam políticas de acompanhamento e estrutura  que orienta os trabalhadores. 

Como as reformas trabalhista, previdenciária e o avanço da terceirização impactam a situação? 

Sergio Augusto Sobrinho – Para agravar mais ainda, as reformas ocorridas nos últimos anos, como a terceirização e reforma trabalhista, visando ampliar o lucro das empresas, precarizando de vez as relações de trabalho, podendo terceirizar atividades fim, enfraquecendo as relações sindicais, trabalho intermitente, flexibilização da jornada de trabalho, banco de horas, dificuldade de acesso a Justiça do Trabalho, e o enfraquecimento de toda a representação sindical, teremos dezenas de milhares de novos casos de LER/DORT e adoecimento mental. Como foi dito anteriormente com números de 2013, da para imaginar a que padrões esses números chegaram após todas essas reformas aprovadas

Quais setores são mais atingidos?

Sergio Augusto Sobrinho – Afeta inúmeras categorias, como bancários, comerciários, pessoal dos serviços, caixas de supermercados, digitadores, empresa têxtil, metalúrgicos, operadores de linha de montagem, telemarketing. As instituições bancárias lideram os casos, sendo hoje a segunda causa de afastamento, perdendo apenas para os problemas psíquicos, onde o assédio moral atinge níveis inimagináveis, o trabalhador sofre calado, onde iniciam as pressões psicológicas para atingimento de metas e o risco de  ser demitido. As mesmas podem ser irreversíveis,  pois é enormemente incapacitante se não tratada a tempo.

É preciso mudar a organização do trabalho, adotar medidas preventivas, além de indenizar todas as vítimas desse sistema cruel, desumano, voltado apenas ao crescimento dos lucros dos patrões.  

Sergio Augusto Sobrinho é Dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, militante da INTERSINDICAL Central da Classe Trabalhadora e conselheiro eleito no CRST-FO Zona Norte.


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