MST promove em SP feira de alimentos sem veneno e denuncia o massacre das multinacionais sobre os agricultores

Imagem: Comunicação da Intersindical
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O Parque da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, conhecido por sua feira semanal de alimentos orgânicos, dá espaço nesta semana à 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Além da exposição e venda de diversos produtos sem veneno a preços baratos, a iniciativa tem por objetivo sensibilizar a população paulistana sobre o massacre silencioso das grandes multinacionais sobre os agricultores e os riscos dos agrotóxicos para a saúde humana.

“O povo da cidade não sabe que a expansão do agronegócio é hoje impulsionada por grandes empresas multinacionais do sistema agroalimentar que prendem os agricultores, eles ficam obrigados a consumir as sementes, insumos e produtos destas empresas. Diante dessa imposição do capital, a produção camponesa passou a ter muitas dificuldades para crescer”, explica João Paulo Rodrigues, coordenador geral do MST.

Dependência das multinacionais

As multinacionais usaram uma estratégia de guerra a partir de 1966 para dominar o campo, a chamada Revolução Verde, cujo programa de “melhoria” das sementes foi financiado pelo grupo Rockefeller, de Nova Iorque, sob o pretexto de “acabar com a fome no mundo”.

No início as multinacionais ofereceram gratuitamente as sementes modificadas aos agricultores, para demonstrar que teriam ganhos de produção e colheitas maiores. Em seguida foram financiando suas colheitas e os agrotóxicos para exterminar as pragas.

Com o passar dos anos, os agricultoresforam percebendo que precisavam comprar os insumos patenteados pela empresa, caso contrário, não haveria produção. As sementes e os insumos possuíam uma interação química própria.

Os preços destes insumos foram aumentando e os ganhos de escala na produtividade passaram a não compensar. Nesse meio tempo muitos agricultores quebraram, endividados. Outros foram morrendo, envenenados com o próprio veneno jogado sobre as colheitas. Há muitos casos também de suicídios registrados na população do campo.

Quando os agricultorestentaram voltar às sementes antigas, suas terras já estavam penhoradas (por causa das dívidas) e quimicamente viciadas a trabalhar só com as sementes de determinada marca.

Outra imposição praticadaatualmente pelas empresas e ignorada pela grande mídia: se no campo de um agricultor houver plantas cultivadas com sementes de uma determinada marca e ele não for cliente da empresa, ele é processado por usar sementes patenteadas, ainda que elas tenham sido propagadas pelo vento ou estejam misturadas com as suas próprias sementes.

Desafios

“É por este e outros fatores que uma mudança do modelo agrícola é fundamental para a soberania nacional. E é nesse sentido que a Reforma Agrária Popular trabalha, fazendo contraposição a esse modelo excludente e de modo a privilegiar os produtores rurais, movimentar a economia local e contribuir de maneira massiva com a economia local”, afirma João Paulo. “Reforma agrária não é só invasão, é saúde e soberania alimentar”.

Atrações culturais

A1ª Feira Nacional da Reforma Agrária vai vender itens como açúcar mascavo, café, farinha, arroz, feijão, rapadura, mel, leite integral, doces, melado, castanhas, mate, fubá, xarope, algas marinhas desidratadas, frutas, queijo, sucos, cachaça, entre outros. E também terá atividades culturais, shows e praça de alimentação com comidas típicas de cada região.

No sábado, haverá mais seminários sobre a alimentação saudável e os riscos dos transgênicos e um show de Beatles para Crianças, às 10h. Pereira da Viola se apresenta às 16h e Chico César, às 17h. O encerramento será na tarde de domingo (25), com show de Zé Geraldo (16h30) e um ato político. A programação completa pode ser vista no site do MST.

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