Livro de portaria do DEOPS revela conluio criminoso entre FIESP, Consulado Americano e a Ditadura

Imagem: Comunicação da Intersindical
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Um livro de visitas que revela as relações promiscuas entre a repressão da ditadura militar com a Federação das Indústrias de São Paulo e o Consulado Americano.

Esse é o livro de visitas do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS), que registra em apenas algumas páginas 34 visitas de Claris Rowley Halliwell , que é identificado como Cônsul dos EUA. Outro assíduo visitante ao centro de torturas era o presidente da FIESP, Geraldo Rezende de Matos.

Além de serem constantes, essas visitas eram feitas em altas horas e as vezes os visitantes  passavam a noite na repartição policial.  Mas, o que um representante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) faria em um centro de torturas da ditadura civil-militar (1964-1985) durante madrugadas? O que levaria um cônsul dos Estados Unidos a esse mesmo lugar repetidas vezes, por longas horas?

Entre outros, chama atenção o registro da entrada no Deops do  Cônsul estadunidense cinco minutos depois do capitão Ênio Pimentel Silveira, um dos torturadores mais famosos do período.

Além da assiduidade, despertam atenção os horários em que os representantes da FIESP e do consulado estadunidense se entram no prédio do Dops e as longas horas em que permaneciam ali. Somente nos meses de abril a setembro de 1971 (os livros com os outros meses deste ano desapareceram), Geraldo Rezende de Matos, da FIESP, dirigiu se ao local 40 vezes. Em uma dessas vi sitas, sua entrada ocorreu às 17h30min, mas não consta horário de saída. Como os funcionários da portaria trabalhavam apenas até 22h, os movimentos feitos de pois deste horário não eram anotados.  Significa, então, que Matos teria ficado além das 22h.

Já em outro registro, de 24 de abril de 1972, o representante da FIESP entra no prédio às 18h20 e sai às 12h35 do dia seguinte, 25 de abril. Foram cerca de 18 horas no local.

Claris Rowney Halliwell,  cônsul estadunidense no Brasil entre 1971 e 1974, que teria integrado o serviço secreto dos Estados Unidos, a CIA, também comparecia com frequência ao Dops, sobretudo à noite, onde permanecia durante toda a madrugada. De abril a setembro de 1971, Halliwell esteve no local 31 vezes, de acordo com os registros.

Em uma das idas, em 5 de abril de 1971, seu ingresso no prédio ocorreu às 12h40min da tarde, cinco minutos de pois da entrada do capitão Ênio Pimentel Silveira, torturador que ficou conhecido como Dr. Ney. Ambos permaneceram no prédio além das 22h.

Clique aqui e baixe o livro de visitas do DEOPS em PDF

Fonte: Blogue Documentos Revelados

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