I Encontro Sindical e Popular para enraizar Psol nas lutas e nas ruas

encontro sindical
Imagem: Comunicação da Intersindical
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Entre os encaminhamentos, foi definida a articulação dos setores dos movimentos sindicais e populares do Partido para ampliar a mobilização e organizar a presença do Psol contra os ataques à classe trabalhadora por parte do governo Bolsonaro e da direita.

Por Gustavo Mesquita e Fernando Diegues

O I Encontro Nacional Sindical e Popular do PSOL, realizado por videoconferência, dia 15 de agosto de 2020, foi organizado para debater a conjuntura política/trabalhista/social, organizar nossas lutas prioritárias e como podemos protagonizar as lutas e enraizar ainda mais o partido nos movimentos e nas ruas. O encontro contou com a participação de cerca de 400 pessoas, lutadoras e lutadores de movimentos nas áreas sindical, de moradia, camponesa, da educação, serviços públicos entre outros diversos setores do campo e da cidade.

Entre os encaminhamentos, contidos na resolução aprovada pelos participantes, foi definida a articulação de um setorial para ampliar a mobilização e organizar a presença do Psol contra os ataques à classe trabalhadora.

Na mesa de abertura, Berna Menezes, da Executiva Nacional do PSOL, líder sindical e coordenadora da Intersindical/ASSUFRGS, destacou a “necessidade do partido organizar a sua base social” para enfrentar ainda mais os ataques da direita e do governo Bolsonaro. Ela lembrou do despejo dos companheiros e companheiras do Movimento Sem-Terra (MST) esta semana em Minas Gerais, como um exemplo recente desses ataques.

“Precisamos organizar a ‘musculatura social’ que temos nas diferentes organizações e movimentos sociais. Temos 155 mil filiados, destes, cerca de 30 mil participam de nosso Congresso. A tarefa desse encontro é politizar e preparar os movimentos sociais para o enfrentamento dos ataques da direita e apresentar uma alternativa. Temos que fortalecer o Psol nas ruas e na relação dos movimentos com a bancada do Partido na Câmara. Uma bancada que tem 10 deputados e deputadas, que valem por 100. Uma bancada com 50% de homens e 50% de mulheres e é liderada por uma mulher”.

João Zafalão, na sua fala de abertura propõe que esse encontro culmine em um documento unitário, coletivo que faça um esforço para unificar, resultando em uma média do conjunto da diferentes expressões que existem no PSOL

Esse encontro é um resultado do acúmulo necessário para enfrentar o período. A tentativa de um primeiro encontro surge para dar o pontapé inicial “para constituir uma comissão pró setorial, que é um dos debates a ser desenvolvido. Que vamos fazer com toda a calma respeitando toda a diversidade e diferenças que existem no PSOL”

Saudação de Fernanda Melchionna, líder da bancada de deputados federais do Psol

Fernanda Melchionna iniciou saudando o encontro e disse que vivemos num momento trágico de crise no País. A conjuntura é a pior vivida pelo povo brasileiro. Com um governo reacionário que minimiza a morte de mais de 105 mil brasileiros pelo novo coronavírus. “Apesar do governo estar capitalizando com o auxílio emergencial, é bom salientar que isto é uma vitória nossa. Paulo Guedes apresentou um valor de R$ 200, fomos nós que pressionamos pelo aumento para R$ 600”. A lógica do governo é retirar direitos da classe trabalhadora e diminuir o Estado. Além disso, atrapalha todas as medidas sanitárias para salvar a população em plena pandemia.

A deputada, líder da bancada na Câmara Federal, afirma que o papel do Psol é combater o bolsonarismo. O desafio é organizar os trabalhadores, com uma unidade de ação pela esquerda. “O Psol não é do sistema político vigente, temos que lutar pelas liberdades democráticas, criar uma frente única”, ressalta.

Por isso, o partido fez o projeto de taxação das grandes fortunas.

Saudação de Juliano Medeiros, presidente nacional do Psol

Em sua saudação, o presidente do Psol, Juliano Medeiros, destacou que a mobilização do encontro “prepara o partido para os desafios que temos hoje e principalmente os desafios que estão por vir”. Medeiros ressaltou que o Psol tem feito o “dever de casa” durante a pandemia, defendendo as necessidades da população de acesso a recursos e renda, além da defesa das medidas de isolamento social.

“Defendo que só o Psol tem a capacidade de liderar um polo radical de esquerda no País”. Por isso, em sua análise, o encontro é muito importante para ampliar o enraizamento do partido nas estruturas e movimentos sociais.

Conjuntura e o Mundo do Trabalho

Depois da abertura e das saudações, o Encontro teve a palestra de Virginia Fontes, professora de história na pós-graduação da Universidade Federal Fluminense do Rio de Janeiro.

No tema Conjuntura e o Mundo do Trabalho, a professora disse que estamos num período difícil da relação Capital x Trabalho. O Capital está tentando acabar com o trabalho formal há séculos. Esta é a 6ª vez durante centenas de anos. “Não há Capital sem Trabalho!”

Vivemos nos últimos 70 anos a maior concentração e centralização de capital explorando cada vez mais os trabalhadores. Expropriam os trabalhadores, isso é devastador nos centros urbanos e pior no campo. Os camponeses e indígenas estão sendo trucidados.

“A expropriação é mundial nas cidades. Como a população cresceu, os trabalhadores estão sendo levados a concorrer entre si. Com isso, o Capital está retirando direitos de quem já tinha conquistado. É um processo que vem ocorrendo há cerca de 40 anos”, explana.

O início se dá com o aumento do tempo para aposentadoria. Isso fatalmente impõe a concorrência entre os trabalhadores. Inclusive de países e continentes diferentes. Uma concorrência estúpida e brutal. Essas massas estão trabalhando sem direitos, sem contratos, na informalidade. O que também é ruim para o Capital que não está conseguindo dominar e dirigir o fenômeno.

“Nós temos que construir, avançar e enfrentar isto organizando os trabalhadores. O Uber tem entre 4 ou 5 milhões de trabalhadores sem direitos, por exemplo”, diz Virginia.

Pandemia não é a causa da crise econômica

Ela afirma que precisamos impor as necessidades da força de trabalho. Diz ainda que a pandemia não é a causa da crise econômica, a crise é resultado da concentração de riquezas. A pandemia somente evidencia e agiliza a extração de direitos das categorias.

”Os médicos, por exemplo, estão sendo pejotizados, trabalhando por hora, principalmente as mulheres. Sem direito a descanso”, explica.

Exploração do trabalho remoto e aplicativos

Isso atravessa várias profissões como também os professores, com a imposição do trabalho remoto, domiciliar. O que intensifica e aumenta a jornada de trabalho. Virgínia aponta as mulheres, para quem o trabalho em casa tornou-se ininterrupto. A exploração vai além, os docentes são obrigados a preparar aulas em fatias que serão comercializadas pelas escolas nas plataformas de informática. O que significa o fim dos direitos. Enfatiza que é necessário, mais do que nunca, defender os direitos.

Exemplifica com o aplicativo Uber, que conecta-se aos trabalhadores e os vigia por segundo, exigindo várias condutas e deveres sem direito algum em contrapartida. Esse quadro, em que foi colocada a classe trabalhadora é motivo de luta incessante.

Lutas propostas

Estamos numa situação que o governo está desviando verbas da educação e da saúde para empresas privadas.

Nesse contexto Virginia Fontes enumera as lutas para enfrentar o Capital:

1. Luta Antirracista;

2. Defesa das Mulheres, principalmente as negras;

3. Igualdade social;

4. A questão ambiental para a sobrevivência da humanidade;

5. Liberdade de Gênero;

6. Defesa dos Indígenas.

Governo protofascista

Estamos num governo protofascista, isso é um processo para chegar ao fascismo. Um Estado que aposta na violência militar e miliciana, que prepara o bote. Um governo genocida que precisamos enfrentar, sair da defensiva que é muito perigosa para a democracia.

“Precisamos do Psol lutando. Vamos pensar numa ofensiva organizando a solidariedade social ativa entre a população, os trabalhadores e alertar que a retirada de direitos dos outros é o primeiro passo para perdermos o nosso. Alertar sobre a importância do SUS, Correios, da educação pública e outros serviços públicos”.

De acordo com a professora, precisamos estar juntos com os trabalhadores, os pobres e a população. Organizar juntos e não apenas dirigi-los.

“Nós construímos a riqueza, mas é o Capital que controla”, finaliza.

Após a palestra, foram abertas falas para trabalhadores e trabalhadoras dos mais diversos segmentos representados no encontro.

A necessidade da unidade em defesa da vida dos trabalhadores

Luis Araujo lembra que o nosso partido já se atua em diversas setoriais, que são muito bem organizadas, como a Setorial de Mulheres, Setorial LGBT, de Negros e Negras, assim como temáticas como a Setorial Ecossocialista e a Setorial de Educação que já vem sendo organizada em alguns Estados. Considerando os diferentes setores que estão nesse encontro, que são na sua maioria sindical mas também nas bases populares, precisam ter uma relação com as outras setoriais.

Segundo Luis Araujo, “uma setorial para que o partido tem uma ferramenta para organizar as lutas, para que o partido tenha uma presença mais unitária. Precisamos de um plano para nos inserir no mundo do trabalho precarizado onde os movimentos sindicais não tem conseguido responder”

Já o companheiro Valmor avalia que estamos em uma crise mundial.

“O movimento popular se espelhou no movimento sindical, agora é a hora do movimento popular se espelhar no popular.”

Percebemos que até a grande mídia, que bate no governo Bolsonaro se une ao governo, através das reformas que estão acontecendo. As demissões que estão acontecendo tendem a aumentar ainda mais ainda mais. Todos os trabalhadores precisam denunciar a corrupção que está acontecendo: “precisamos defender o fim da PEC do teto de gastos porque isso limita investimento na saúde durante a pandemia”.

Valmor conclui elogiando a iniciativa do Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul, pela testagem dos trabalhadores e dos usuários. Isso demonstra uma iniciativa em defesa da vida dos trabalhadores,

Unidade dos movimentos sociais e populares
A companheira Claudia, do MTST, começa a ressaltando a Unidade dos movimentos sindicais com os movimentos sociais e populares, em defesa dos direitos da classe trabalhadora, frentes de governo que defende o estado mínimo: que dá auxílio banqueiro na primeira semana de pandemia. São diversos ataques vindos da figura do Paulo Guedes, que é machista, misógino, homofóbico e genocida que deixa chegar o número de 100 mil mortes na pandemia.

“Na medida que a gente vê a crise  avançando pela pandemia, a gente vê buscar o descaramento da carteira verde e amarela passando por uma aprovação, aí na calada na noite. Ainda que foi revogada, tira muito direitos. É uma carteira vazia de direitos e cheia de retrocessos, assim como a implementação  do trabalho intermitente e a uberização. A gente tem participar do organicamente mobilizando os nossos companheiros no Breque dos Apps e também durante a pandemia.”

Fizemos uma análise correta de quem iria sofrer: as periferias, o povo pobre que quando não morre de Covid, morre pela bala, na mão da PM, o braço forte do Estado.

Todos ativistas do PSOL que constroem a luta do dia a dia


Para Neida Oliveira, da CS, é possível a gente dar passos na intervenção e na construção: “é o partido de esquerda de oposição socialista e ele tem uma tarefa de ser uma direção política para a classe trabalhadora  fazer parte dessa direção política”

Apesar da fragmentação da classe, sabemos que os nossos sindicatos estão bastante burocratizados.

“Somente uma direção política tem condições de acabar com o corporativismo sindical e preparar os nossos sindicatos para essa nova realidade. Nós acreditamos que esta é a ferramenta que organiza o dia a dia da nossa intervenção, nos sindicatos no movimento popular. .

Já Paulo Sérgio, da Comuna, o partido que se dispõe a ser revolucionário, precisa a fazer a transformação da sociedade, organizando a classe trabalhadora.

“Temos a tarefa de buscar fazer a discussão de uma transição de modelo, para que produza e não destrua o planeta” Talvez seja o modo de produção que tenha que ser repensado.

Psol das periferias

Eliane Silva, do MTST de Goiás, começou dizendo que o Brasil é o País das desigualdades sociais, que afeta os trabalhadores, principalmente desempregados da periferia. O Psol tem um desafio de ser dos trabalhadores da periferia, de quem não tem acesso à informação, das mulheres faveladas e da periferia. “O Psol tem que sair das camadas de classe média e ir paras as favelas. Organizar o povo. Com isso vamos avançar e derrotar o bolsonarismo”, ressaltou.

O encontro foi encerrado com um grande e sonoro FORA BOLSONARO!

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