Em desfile esvaziado, destaque do 20 de setembro de Porto Alegre é protesto dos policiais

Imagem: Comunicação da Intersindical
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Com as arquibancadas desertas e com os poucos presentes dividindo espaço com os CCs pagos pelo Governo, o grande destaque foi o protesto, realizado pela UGEIRM, contra o desmonte da Segurança Pública no nosso Estado. Próximo aos manifestantes, em um setor onde só era permitida a entrada de convidados do Governo, outras pessoas, a maioria CCs do próprio governo, tentavam defender Sartori.

UGEIRM protesta contra o desmonte da Segurança Pública

Carregando faixas que pediam mais segurança e mais policiais, além de protestar contra o tarifaço do Sartori, os policiais civis gritavam palavras demonstrando o seu descontentamento com o parcelamento dos salários e a falta de pessoal na área de segurança pública. O número de policiais civis e da brigada militar, participando do desfile, também foi pequeno. Poucos policiais atenderam à convocação do Governo, sendo que a maioria preferiu aderir ao boicote proposto pela UGEIRM. Para a Diretora de Gênero, Neiva Carla, que estava presente ao protesto, “o Governador Sartori conseguiu atingir até mesmo as tradições dos gaúchos. Sua administração desastrosa, que não consegue resolver a crise financeira do estado e só consegue atacar os servidores, provocou uma verdadeira depressão na população. Ninguém vê motivos para comemorar. Nossa mobilização agora é uma questão de sobrevivência para o nosso estado. A insegurança chegou a níveis alarmantes. Nesta terça-feira temos que lotar a Praça da Matriz e derrotar o Governo. Se deixarmos, Sartori acaba com o Serviço Público gaúcho e com a segurança da população”.

Familiares bloqueiam saída do BOE para impedir brigadianos de irem ao desfile

Elas chegaram às 5 horas da manhã. Com suas já características cadeiras de praia, suas cuias de chimarrão e muita disposição, as esposas e familiares dos brigadianos deram mais uma demonstração da sua capacidade de mobilização. Bloquearam as saídas do BOE (Batalhão de Operações Especiais) da Brigada Militar e impediram os mais de 100 brigadianos, que ficaram fardados no pátio, de participarem do desfile do 20 de setembro.

Fonte: UGEIRM Sindicato

Leia mais:
Até quando vamos endeusar a revolução farroupilha?

Por Juremir Machado da Silva

Até quando?

Todo os anos eu me pergunto: até quando?

Sim, até quando teremos de mentir ou omitir para não incomodar os poderosos individuais ou coletivos?

Até quando teremos que tapar o sol com a peneira para não ferir as suscetibilidades dos que homenageiam anualmente uma “revolução” que desconhecem? Até quando teremos de aliviar as críticas para não ofender os que, por não terem estudado História, acreditam que os farroupilhas foram idealistas, abolicionistas e republicanos desde sempre? Até quando teremos de fazer de conta que há dúvidas consistentes sobre a terrível traição aos negros em Porongos? Até quando teremos de justificar o horror com o argumento simplório de que eram os valores da época? Valores da traição, do escravismo, da infâmia?

Até quando fingiremos não saber que outros líderes – La Fayette, Bolívar, Rivera – outros países – Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia – e outras rebeliões brasileiras – A Balaiada, no Maranhão, por exemplo – foram mais progressistas e, contrariando “valores” da época, ousaram ir aonde os farroupilhas não foram por impossibilidade ideológica? Até quando a mídia terá de adular o conservadorismo e a ignorância para fidelizar sua “audiência”?

Até quando deixaremos de falar que milhões de homens sempre souberam da infâmia da escravidão? Os escravos. Até quando minimizaremos o fato de que a Farroupilha, com seu lema de “liberdade, igualdade e humanidade”, vendeu negros para se financiar? Até quando deixaremos de enfatizar que os farrapos prometiam liberdade aos negros dos adversários, mas não libertaram os seus? Até quando daremos pouca importância ao fato de que a Constituição farroupilha não previa a libertação dos escravos? Até quando deixaremos de contar em todas as escolas que Bento Gonçalves ao morrer, apenas dois anos depois do fim da guerra civil, deixou mais de 50 escravos aos seus herdeiros? Até quando?

Até quando?

Até quando adularemos os admiradores de um passado que não existiu somente porque as pessoas precisam de mitos e de razões para passar o tempo, reunir-se e vibrar em comum? Até quando os folcloristas sufocarão os historiadores? Até quando o mito falará mais alto do que a História? Até quando não se dirá nos jornais que os farroupilhas foram indenizados pelo Império com verbas secretas? Que brigaram pelo dinheiro? Que houve muita corrupção? Que Bento Gonçalves e Neto não eram republicanos quando começaram a rebelião? Que houve degola, sequestros, apropriação de bens alheios, execuções sumárias, saques, desvio de dinheiro, estupros, divisões internas por causa de tudo isso e processos judiciais?

Até quando, em nome de uma mitologia da identidade, teremos medo de desafiar os cultivadores da ilusão? Até quando historiadores como Décio Freitas, Mário Maestri, Sandra Pesavento, Tau Golin, Jorge Eusébio Assumpção, Spencer Leitman e tantos outros serão marginalizados? Até quando nossas crianças serão doutrinadas com cartilhas contando só meias verdades?

Até quando a rebelião dos proprietários será apresentada como uma revolução de todos? Até quando mentiremos para nós mesmos? Até quando precisaremos nos alimentar dessa ilusão?

Até quando viveremos assim?

Fonte: Correio do Povo
Artigo publicado originalmente
em setembro de 2012

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