Dia Internacional da Mulher: A luta trouxe avanços. Mas, lutar mais é preciso!

Dia Internacional da Mulher: A luta trouxe avanços.
Imagem: Comunicação da Intersindical
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Químicos Unificados e Intersindical
 
 

Os Químicos Unificados Regional Campinas participará de ato no centro de Campinas no dia 07 de março (sábado), com concentração na Estação Cultura às 09 horas. O ato terá como pontos de destaque o fim da violência contra as mulheres, por mais delegacias de defesa da mulher em funcionamento 24 horas e pela rede de atendimento a mulheres em situação de violência.

No Centro de Formação e Lazer (Cefol Campinas) haverá uma programação especial com oficina de confecção de bombons e ovos de páscoa a partir das 10h30 e um sarau com música e contação de histórias às 13h30. Mulheres convidadas não pagarão entrada.

Em São Paulo

A Regional Osasco do Unificados e Intersindical participarão do ato em São Paulo, que terá concentração às 10h na avenida Paulista, em frente ao número 900 (Teatro Gazeta).

A histórica luta contra a discriminação

Nas estatísticas, os números são frios. Mas, cada número representa uma pessoa, uma mulher, uma vida que é única, com seus anseios, desejos, sofrimentos, sentimento, sensibilidade e direitos. Direitos que, basicamente, não são considerados e respeitados.

No entanto, uma história de lutas das companheiras, com a participação de companheiros verdadeiros e conscientes, ao longo dos anos vai transformando esta trágica realidade.

Muito já se avançou. Mas, muito ainda há para se conquistar e avançar. Assim, é preciso continuar a escrever esta história, por companheiras e companheiros, até que as estatísticas abaixo não mais existam.

Os números

* O salário dos homens é 30% maior do que o das mulheres no Brasil.

* A cada dois minutos, cinco mulheres são violentamente agredidas, no país. E em mais de 70% dos casos o agressor é o namorado, companheiro ou marido.

* No Brasil a maior causa de morte e invalidez de mulheres entre 16 a 44 anos é a violência doméstica. E a cada dia dez mulheres morrem vítimas desta violência.

* No mercado de trabalho, um a cada cinco dias de falta é causado pela violência doméstica, e a cada cinco anos as mulheres perdem um ano de vida saudável.

* O Brasil ocupa a 7ª posição no mundo em assassinato de mulheres.

* Em Campinas, são cerca de 600 casos por mês de violência contra as mulheres.

A história

A história registra o ano de 1857 como o início das lutas das companheiras por direitos. E esta luta, naquele longínquo ano, foi por redução da jornada e melhores condições de trabalho. Eram até 14 horas diárias, seis dias por semana. Passados 158 anos, hoje, as companheiras ainda enfrentam discriminações salariais e de gênero no local de trabalho. E ainda continuam sobrecarregadas com dupla e até tripla jornada, no mínimo: no trabalho fora de casa, no trabalho doméstico e no cuidar da educação dos filhos.

E, por incrível que pareça, ainda hoje há supostos, e falsos, companheiros que as exploram em casa, não participam, exigem, discriminam e, por cima, ainda as agridem se contrariados ou não “obedecidos”.

Sem esquecer de que, muitas vezes, embora vítimas, as mulheres levam a culpa por terem sido estupradas e mortas. E estupros podem ocorrer até mesmo dentro de casa, tento como agressor o próprio marido ou companheiro.

As lutas de hoje e as reivindicações

Hoje, as companheiras, de uma forma geral, reivindicam:

* A liberdade de tomar decisões sobre seu próprio corpo.

* Saúde integral e com qualidade, objetivamente para mulheres.

* Legalização do aborto e sua incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS).

* Políticas públicas no sentido de que as mulheres possam, com segurança, tomar decisões sobre seu corpo.

* Salários iguais para funções iguais aos homens, sem priorização de gênero para terceirização (aliás, sem qualquer terceirização para ninguém), precarização e redução de direitos.

* Licença maternidade mínima de 180 dias.

* Creches públicas, com horário integral.

* Todos os direitos e garantias legais para as milhões de trabalhadoras domésticas Brasil.

* Contra a mercantilização do corpo e do turismo sexual.

E esta lista pode ser estendida de acordo com as características regionais do país. E do mundo, posto que as mulheres, em diversos países, ainda são consideradas seres inferiores, “coisa”, que existem (ou nem existem, são invisíveis) tão somente para servir as necessidades dos homens e de obedecê-los passivamente.

Luta de classes

A luta pela libertação da mulher nasceu junto com a busca da transformação de toda a sociedade pelos trabalhadores, no fim do século XIX e começo do século XX. Em diversos países que iniciavam a industrialização, as mulheres e crianças eram a maioria nas fábricas, em longas jornadas e péssimas condições de trabalho. Greves e manifestações fervilhavam nas cidades norte-americanas e na Europa.

Não há consenso da razão da escolha de 8 de março. A versão mais divulgada é a de que nessa data, em 1857, 129 tecelãs teriam sido queimadas vivas pelos patrões que as teriam trancado em uma fábrica durante um incêndio, em Nova Iorque. Mas, estudiosos como Naumi Vasconcelos, professora da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), afirmam que esse fato não aconteceu.

 

Em 1914, Clara Zetkin (1857/1933 – foto acima), dirigente do Partido Comunista Alemão, propôs que 8 de março marcasse a luta contra a dominação das mulheres pelos homens, numa perspectiva socialista. A data não remetia a nenhum acontecimento especial.

Depois de três anos, em 23 de fevereiro do calendário russo, que então correspondia a 8 de março no ocidente, uma greve espontânea das costureiras de Petrogrado foi o estopim da onda de revoltas que culminou na Revolução Russa. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

Fonte: NPC – Núcleo Piratininga de Comunicação, em O Dia da Mulher Nasceu das Mulheres Socialistas, de Vito Giannotti.

As mulheres faziam parte da “classe perigosa”

Resumo sobre estudo deEva Alterman Blay – Graduação em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1959), mestrado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1969) e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1973)

Nos anos 1800 e 1900, nos países que se industrializavam, o trabalho fabril era realizado por homens, mulheres e crianças, em jornadas de 12, 14 horas, em semanas de seis dias inteiros e frequentemente incluindo as manhãs de domingo. Os salários eram de fome, havia terríveis condições nos locais da produção e os patrões tratavam as reivindicações dos trabalhadores como uma afronta.

Operárias e operários eram considerados como as “classes perigosas”. Sucediam-se as manifestações de trabalhadores, por melhores salários, pela redução das jornadas e pela proibição do trabalho infantil.

Para desmobilizar o apelo das organizações e controlar a permanência dos trabalhadores/as, muitas fábricas trancavam as portas dos estabelecimentos durante o expediente, cobriam os relógios e controlavam a ida aos banheiros. Mas as difíceis condições de vida e os baixíssimos salários eram forte incentivos para a presença de operárias e operárias nas manifestações, em locais fechados ou na rua.

Uma das fábricas, a Triangle Shirtwaist Company (Companhia de Blusas Triângulo), para se contrapor à organização da categoria, criou um sindicato interno para seus trabalhadores/as. Em outra fábrica, algumas trabalhadoras que reclamavam contra as condições de trabalho e salário foram demitidas.

O incêndio na Triangle


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