Caixa amplia investimentos em patrocínio de clubes, mas agências ficam à míngua

Imagem: Comunicação da Intersindical
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A Caixa Econômica Federal deve anunciar até o final de janeiro o resultado das negociações com os clubes de futebol brasileiros, com previsão de expansão dos patrocínios. As informações foram divulgadas na página do Globo Esporte. Segundo reportagem, o banco público deve atingir com os novos contratos mais de 40% do total da verba publicitária nas camisas dos clubes da Série A – mais o Vasco, que caiu para a Série B.

A estimativa é de que, de um total de R$ 436,7 milhões das receitas previstas com venda de espaço na camisa dos clubes, mais de R$ 180 milhões venham da Caixa. O Corinthians ocupa o primeiro lugar no ranking de faturamento com anunciantes. O time paulista projeta atingir R$ 52,7 milhões em patrocínios para 2016 – R$ 30 milhões só da Caixa.

Mas enquanto o banco esbanja “espírito esportivo”, nas agências o imperativo é o corte de gastos. “Faltam instrumentos básicos, como bobina para máquina autenticadora e máquinas de autoatendimento, fita-cinta para notas de dinheiro, guias de retirada e materiais de limpeza e higiene”, relata a bancária da Caixa e diretora do Sindibancários/ES, Lizandre Borges.

A destinação de verba para contratação de novos empregados também está fora de cogitação. Em 2015, após implantação do Programa de Apoio à Aposentadoria (PAA), o banco reduziu de 100 mil para 97 mil o número de empregados, ampliando o déficit de funcionários nas agências. Para piorar, as vagas não poderão ser totalmente repostas, já que foi estabelecido limite de empregados no banco, de 97.732, conforme portaria publicada em dezembro pelo Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Dest). Enquanto isso, cerca de 30 mil candidatos aprovados no último concurso, de 2014, aguardam convocação.

Sobrecarga e adoecimento

“A carência de empregados tem gerado uma situação de superexploração do trabalho. As agências vivem lotadase além de fazer os atendimentos, o bancário precisa se preocupar em vender todo tipo de produto bancário, porque ele tem uma meta a cumprir diariamente. Hoje, praticamente todas as agências da Caixa funcionam com número de empregados inferior ao necessário”, desabafa Lizandre.

Segundo a diretora, a falta de condições de trabalho tem aumentado os números de adoecimento físico e psicológico na categoria, ocasionados principalmente pelo assédio moral e pela cobrança de metas.

A Caixa já enfrenta inquérito civil instaurado pela Procuradoria Geral do Trabalho da 10º região para investigar a falta de convocações dos aprovados no concurso público de 2014, mas ainda não há sinalização sobre novas contratações. Com o reduzido quadro de empregados, cresce a terceirização dos serviços dentro Caixa e o desrespeito à jornada de seis horas dos bancários.

“Não podemos permitir que Caixa, uma empresa pública, continue sendo uma das maiores investidoras em patrocínio de clubes, que funcionam como grandes empresas privadas, sem nenhum compromisso ou responsabilidade social. Esse tipo de investimento atende apenas à sustentação dos times e a uma estratégia de marketing comercial. Tudo isso em detrimento das condições de trabalho dos empregados”, salienta Lizandre.

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