7º ESNA: Independência de classe, transformação social e construção da luta social

Imagem: Comunicação da Intersindical
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TEMA: INDEPENDÊNCIA DE CLASSE, TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E CONSTRUÇÃO DA LUTA SOCIAL

MESA 3:

Mais de 100 companheiros e companheiras do Uruguai; Cuba, Porto Rico, Argentina, Brasil, Venezuela, Chile e Costa Rica participaram desta mesa, coordenada por companheiros de Cuba, Porto Rico, Uruguai e Argentina.

No total foram ouvidas 40 intervenções, motivadas pelas apresentações de Oscar Andrade(Uruguai) e Roidríguez Rosario (Cuba), além de duas apresentações especiais, uma sobre a situação no Brasil e outra sobre a Venezuela.

As discussões se concentraram na análise da crise global do capitalismo, com várias matizes e enfoques, em um diálogo plural que reuniu mais  discussões. Concentramos nesses aspectos, mais do que no conjunto das valorosas descrições dos efeitos regressivos sobre os trabalhadores de uma política derivada da crise capitalista.

Um dos temas refere-se ao socialismo, no sentido de que não alcança com a crítica ao capitalismo. É necessário refletir sobre o significado da sociedade que propomos contrastando com a atualidade regressiva plantada pelo capitalismo para as trabalhadoras, os trabalhadores e nossos povos. Argumentou-se que pouco se sabe sobre o socialismo e suas experiências, mas que as atuais condições da luta de classes exigem mais do que nunca a sua discussão e luta para concretizá-lo diante da violência de hoje e de sempre da ordem capitalista.

É verdade que precisamos discutir as experiências de socialismo, caso de Cuba e das propostas de construção socialistas que se formulam na atualidade, mas, ao mesmo tempo, pensar criticamente as experiências passadas em nome do socialismo, o que nos leva a avaliar a democracia, o que permite a discussão aprofundada sobre o alcance da mesma.

Houve uma demanda no sentido de atualizar a mensagem do movimento sindical e dos trabalhadores em torno do que dizemos quando mencionamos a democracia e o socialismo.

Muito se tem enfatizado na dimensão cultural ideológica das classes dominantes, que impõem o consumismo e uma lógica de relações sociais em prol da exploração da força de trabalho e do saque de bens comuns. O papel da mídia é importante neste sentido e deve ser contrastado com a busca de uma subjetividade para a mudança e revolução, a partir a luta pelas reivindicações imediatas, por salários, condições de moradia, emprego, segurança social, e a partir daí disputar o consenso entorno de uma sociedade sem exploração.

Portanto um destaque sob a recuperação do pensamento histórico de Fidel, quando questionado em 1961 “por que o socialismo, e mesmo sob as atuais condições, permanece em vigor?”. Perguntar sobre o que é o socialismo e como se chegar lá. Insistir que não é a tarefa de meses ou alguns anos, que vem do trabalho e do desenvolvimento econômico da nação, para “satisfazer todas as necessidades “, como disse Fidel.

Dizia-se que o socialismo é uma condição para o desenvolvimento, mas esse é um assunto suficientemente instalado na sociedade e que requer um debate aprofundado para disseminar o debate na sociedade. Não fugir do debate sobre o assunto. Não esconder a luta pelo socialismo.

Outro tema refere-se à independência da classe trabalhadora, que gera adesão unânime dos participantes, mas com as tensões, seus alcances e significados, de acordo com a realidade de cada país e da experiência de cada um dos expositores. Foi enfatizada a diferença entre disputar o governo e a luta pelo poder, que deve ser analisada no sentido dialético. Foi ressaltada nesse sentido a experiência cubana.

O que está em questão é a relação entre sindicatos e partidos, entre eles e os governos; entre movimentos sociais e partidos e governos. Trata-se de discutir a relação entre o movimento popular, os partidos políticos e os governos. É uma tensão que exige uma discussão mais aprofundada, especialmente a partir da prática de luta e organização do movimento popular. O exemplo do Uruguai pareceu interessante, da frente contra o desemprego e a mobilização do próximo dia 6/4, com ênfase na mobilização e denúncia contra a adesão ao TISA, um acordo de comércio.

Muitas experiências concretas foram analisadas, com destaque para a necessidade de estudar e sistematizar experiências concretas de independência do movimento de trabalhadores e trabalhadoras a respeito das empresas, dos partidos e dos governos.

Insistiu-se na independência, mas não na indiferença de quem governa, pensando em assumir certas conquistas sociais nestes anos de mudanças políticas e defender essas posições. Deve-se ir para a ofensiva rumo à profundas mudanças econômicas, especialmente na matriz de produção, praticamente inalterada ao longo dos anos. Partir para as conquistas e não se deter numa postura defensiva. Trata-se de construir uma ofensiva que discuta a construção da sociedade em que pretendemos desenvolver em nossas vidas diárias.

Um tópico debatido foi a discussão com relação aos governos e as mudanças políticas na região. Houve muitas nuances e considerações sobre esses governos e o assunto passou entre a defesa das realizações e das limitações, aos problemas de não avançar nas mudanças estruturais. Recordou-se da importância da integração para as mudanças, no sentido de que não se alcançam mudanças nacionais, sem avançar a ordem regional e do mundo.

A questão da participação de jovens e mulheres, o papel dos meios de comunicação, e incluindo a expropriação da identidade indígena, apareceu com ênfase em algumas das intervenções.

Em recente visita de Obama a Cuba e Argentina considerou-se que não deve ser negligenciado o caráter imperialista dos EUA e os seus objetivos contra revolucionários de Cuba e sua pretensão de inverter o ciclo de mudança política desde a ponta de lança que sustenta o Governo da direita na Argentina.

O que está em questão é a continuação do projeto liberal, dos acordos de livre comércio ou de defesa de investimentos, com exploração, saques e exclusão, ou se impõe um projeto de defesa dos interesses gerais e específicos dos trabalhadores. Esse é o rumo da sociedade que pretendemos, como sustenta a declaração de princípios da ESNA que é pelo socialismo.

Entre as propostas feitas estão:

1.Repudiar o assassinato de Berta Cáceres em Honduras e outros episódios de repressão do movimento popular, caso da prisão de Milagro Sala. Repudiar a prisão nos EUA do porto-riquenho Oscar López Rivera por 34 anos.

 2.Repudiar do governo argentino de sair da Telesur.

  1. O apoio a ESNA no ato internacional a ser realizado em 19/04/2016, no México, em solidariedade ao povo venezuelano. Repudiar a afirmação dos EUA no sentido de que a Venezuela é uma ameaça.
  2. Apoio ao Processo de Paz na Colômbia.

5.Implementar desde a formação da ESNA os valores da solidariedade e, sobretudo, promover o papel da juventude e das mulheres nos processos de construção social e sindical.

  1. A formação e comunicação é uma questão chave. O direito à educação e à comunicação é essencial.
  2. Defendeu-se a unidade de todas as forças sociais e populares para frear a ofensiva capitalista e construir o bloco de poder necessário para a disputa do poder.
  3. A solidariedade com a luta dos povos do Brasil e da Venezuela, contra o golpe e em defesa da democracia e da vontade popular. Estimular iniciativas globais de articulação da nossa região.
  4. Construir iniciativas conjuntas em solidariedade com a luta dos povos em todo o mundo, cada luta é uma luta de todos, em solidariedade com o Haiti, com a independência de Porto Rico, com a luta do povo do Paraguai, com Palestina, com o povo da Síria e do povo saharaui, com o Brasil,Venezuela e especialmente Cuba.
  5. Por um dia de luta continental em toda a Nossa América.

01 de abril de 2016, Montevidéu, Uruguai.

 

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