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The Guardian diz que ‘Brasil pode voltar ao mapa da fome’ com medidas de austeridade fiscal de Temer

The Guardian diz que ‘Brasil pode voltar ao mapa da fome’ com medidas de austeridade fiscal de Temer
Imagem: Comunicação da Intersindical
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O jornal britânico ‘The Guardian’ publicou nesta quarta-feira (19) uma reportagem sobre a situação econômica do Brasil no qual sustenta que as medidas de austeridade de Michel Temer aumentarão a pobreza do país e poderão colocá-lo de volta no ‘mapa da fome’. “O Brasil caiu em sua pior recessão por décadas, com 14 milhões de pessoas desempregadas”, destaca o texto.

A reportagem começa acompanhando um dia da cidadã brasileira Miriam Gomes, que às 5 da manhã se dirigia a um projeto social que coordena em Cidade Nova, no Rio de Janeiro, onde a fila para receber uma cesta básica semanal já tem mais de cem metros de comprimento. Muitos haviam dormido na rua – além do crescente exército de pessoas sem-teto– para começar a pegar uma sacola com frutas, verduras, arroz, feijão, macarrão, leite e biscoitos às 6h30 da manhã. 

O jornal britânico ressalta que “estas são algumas das vítimas de um problema que só piora em um país, uma vez louvado pela redução da pobreza, mas onde o número de pobres está subindo novamente”. E lembra que quando Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao poder em uma onda de apoio popular em 2002, prometeu três refeições por dia a todos os brasileiros. Durante seus oito anos de governo e mais quatro de sua sucessora Dilma Rousseff, 36 milhões de brasileiros escaparam da pobreza com a ajuda de políticas sociais aclamadas, como o “bolsa família”.

Com o aumento dos preços das commodities e os gastos do consumidor de uma nova classe média baixa a economia teve expansão. Aqueles que viviam abaixo da linha de pobreza caíram de 25% em 2004 para 8% em 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita, segundo dados do centro de política social da Fundação Getúlio Vargas.

O jornal lembra que até então, a economia já estava começando a se retrair. Os preços das commodities caíram quando Dilma obteve uma vitória estreita, com preocupação crescente em relação à sua política econômica intervencionista e ao aumento dos gastos públicos.

Em 2015, o desemprego estava subindo e o Brasil mergulhara em sua mais profunda recessão desde a década de 1930. O país foi descendo seu grau de investimento. Em 2016, a ex-presidente foi acusada ostensivamente por infringir as regras de orçamento. Mas o processo foi impulsionado pela recessão e uma vasta crise de corrupção na Petrobras.

Até então, o número de brasileiros que viviam na pobreza aumentou para cerca de 11%. “Sem dúvida, é uma regressão”, disse Marcelo Neri, diretor do centro de política social da Fundação Vargas.

Michel Temer, o ex-vice-presidente de Dilma Rousseff, assumiu e começou a reduzir os custos. Em dezembro passado, foi introduzido um limite de 20 anos sobre os gastos públicos.

Austeridade fiscal só aumenta a pobreza

“Se não tomarmos as devidas providências, o Brasil voltará ao mapa de fome”, diz à reportagem Francisco Menezes, economista e um dos autores de um Relatório de Progresso sobre a Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2030, apresentado recentemente à ONU por um Grupo de duas dúzias de grupos não-governamentais e institutos de pesquisa.

O  relatório diz que essas medidas de austeridade aumentarão a pobreza no Brasil e afirmam que o país deve reduzir outros custos e adotar um sistema fiscal mais justo (a maior taxa de imposto neste país profundamente desigual é de 27,5%).

O economista calcula que, se o limite de gastos tivesse sido implantado em 2003, o Brasil teria gastado 68% menos em programas sociais entre 2003 e 2015.

“Enquanto isso, os pobres continuam ficando mais pobres. O que falta aos brasileiros é a fé de que seus políticos têm alguma habilidade para resolver a bagunça que o país está enfrentando e a crescente pobreza. À medida que os escândalos de corrupção aumentam a maioria está ocupada demais tentando se salvar. No início deste ano, as investigações foram autorizadas para oito dos ministros de Temer. Em 2 de agosto, o Congresso votará sobre se autoriza um julgamento do próprio presidente sobre acusações de corrupção”, diz o texto.

“O partido de Temer administrou o governo do estado do Rio desde 2007. Seu ex-governador Sérgio Cabral está preso, acusado de receber subornos substanciais, enquanto o governo do estado está quebrado e meses em atraso com os salários”, finaliza o The Guardian.


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