Aldo Santos | A neutralidade não é neutra

Imagem: Comunicação da Intersindical
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Estamos acompanhando no cenário micro e macro da luta  política o avanço  das forças  do fundamentalismo, do machismo da lgbtfobia  e do reacionarismo político capitaneada pelo   fascista do Cunha, do presidente do decrépito senado e do vice presidente Michael Temer, todos do histórico e fisiológico do PMDB. Estamos visualizando os largos passos da marcha dos golpistas que pretendem atingir num primeiro momento o governo Dilma e o PT, e, concomitantemente, as forças de esquerda, que atuam no movimento popular, sindical, estudantil e partidário.

Por discordância programática com os rumos do PT, desde 2005 me filiei ao Psol por representar uma nova possibilidade de conduta ética, moral e programática.

Os setores golpistas se manifestam, assumem sua fisionomia e nos enfrentam nas ruas por ocasião de panfletagens especificas e identificam no ideário do partido, um partido igualmente pernicioso à tradição, à família e a propriedade. É nesse contexto que situo os dizeres de Karl Marx: “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado…”. Gostaria muito neste momento estar falando, praticando outras ações, leituras e encaminhamentos, porém, é o que ainda temos historicamente para o momento.

As lutas e a conjuntura no Brasil estão dentro de um contexto latino-americano de avanços ainda mais de forças reacionárias, onde pretendem varrer as parciais conquistas e avanços no âmbito das relações humanas e do aprendizado democrático, expressão de décadas de lutas. Visam, contudo, retomarem os preceitos ainda mais refinados do neoliberalismo.

As eleições são momentos importantes mesmo dentro dos marcos da burguesia rumo ao avanço da consciência militante e da luta de classe no geral. Todavia, não podemos compactuar com as rupturas da direita clássica, cujo objetivo é o fortalecimento e a domesticação total dos aparelhos ideológicos do Estado a serviço absoluto da classe dominante que historicamente massacraram nossos povos.

Não nutrimos nenhuma ilusão com o governo Dilma do PT, mas, “o pau que bate em Chico bate em Francisco” e não podemos imaginar que somente o Chico vai sangrar. Eles agem como classe e objetivam destruir as resistências, as forças progressistas e revolucionárias dos movimentos de moradia, sem terra, estudantes, os avanços da luta de gênero, etnia e outras. O golpe da extrema direita, além de atacar os trabalhadores, vai atingir  a economia como um todo e as poucas liberdades  conquistadas às custas de suor e sangue de nossa classe.

As nossas diferenças de táticas eleitorais vão continuar, pois a disputa no parlamento e no executivo é um meio e não um fim em si mesmo, o que não podemos é subordinar essa tática a nossa busca estratégica que é a revolução e a tomada do poder com e para os trabalhadores.

Diante da marcha golpista, são justificáveis ações comuns na locomotiva da história da classe trabalhadora. Rumamos para o Socialismo científico com liberdade, e nessa locomotiva, mesmo em vagões diferentes podemos extrair o combustível necessário para o nosso objetivo revolucionário e pós-revolucionário. Venho analisando os mais variados posicionamentos das mais variadas fontes, mas não dá para exercer a tão propalada neutralidade, pois somos chamados sempre tomar partido no ainda  partido processo histórico: “Odeio os indiferentes. Acredito que viver significa tomar partido. Não podem existir apenas homens estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes. A indiferença é o peso morto da história. É à bala de chumbo para o inovador e a matéria inerte em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos, o fosso que circunda a velha cidade. Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de ternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram, sobretudo do que não fizeram, e sinto que não posso ser inoxidável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris que estão comigo a pulsar a atividade da cidadania futura, que estamos a construir”. (Antonio Gramsci)

Isto posto, entendo que devemos mesmo a contra gosto tomar partido nas fileiras das lutas contra o golpe do impedimento, dizer não a capitulação de Dilma e do PT e avançar a nossa  consciência militante rumo a uma sociedade livre e Socialista.
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Aldo Santos 001 151 x 196*Aldo Santos é
Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Brasil, vice-presidente da Aproffesp, Membro da Executiva Nacional da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora.

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